A oferta da vida é uma atitude
de fidelidade à vontade divina.
Na dinâmica divina, é mais importante servir do que ser servido. Na
atualidade, numa mentalidade marcada pelo triunfalismo e pela ambição do poder,
tem mais força ser servido do que propriamente servir. Os interesses pessoais e
egoístas são muito mais evidentes. Sabemos que não é fácil ser servos uns dos
outros.
Ser servo é ser solidário, principalmente nas dificuldades. Esta
prática acontece muito entre as pessoas simples, que têm o coração e os bolsos
muito mais sensíveis, com muito mais capacidade de partilha. É mais saudável,
na prática da vida, dar do que receber, mesmo que isto curte sacrifício, dentro
do contexto da fraternidade.
A oferta da vida é uma atitude de fidelidade à vontade divina. É
consequência da justiça, que contrapõe aos planos dos dominadores. Quem assim
age não faz o jogo da pressão capitalista-consumista, mas se detém naquilo que
diminui as dores de quem passa necessidade. É como ofertar a vida para resgatar
a justiça.
O importante é ser vitorioso diante das maldades do mundo. O egoísmo
impede que a vida seja para todos, e mata. O acúmulo, sem função social, é
sempre insaciável. “Quanto mais a pessoa tem, mais quer ter”. Quem age assim,
não tem dificuldade de passar por cima dos princípios éticos e realiza,
silenciosamente, a exploração.
O egoísmo causa disputa de poder, competições, ciúmes, inveja e quer
tirar proveito das situações. Esta é a ideologia dominante, com critérios do
reino do mundo, que dificulta a primazia das relações sociais, da justiça, da
paz e da fraternidade. Parece até que não conseguimos descartar a busca de
honras e privilégios.
Sendo ainda mais preciso, no seguimento de Jesus Cristo não existe
lugar para privilégios pessoais, lugar para os qualificados como “grandes”. Há
lugar, e abundante, para “servidores”, e servos de todos. Não é fácil carregar
as dores e as transgressões do mundo, mas vale a pena ser capaz de lutar para
que a vida seja assumida como dom de Deus e colocada sempre a serviço do bem da
humanidade.
Por: DOM PAULO MENDES PEIXOTO
ARCEBISPO DE UBERABA - MG
Fonte: catequisar
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