Em outros tempos quando se falava de mês missionário éramos logo
levados a pensar naquelas regiões onde a Igreja ainda não se havia
implantado plenamente: a missão “Ad Gentes”, título do decreto do Concílio Vat.
II sobre a vocação missionária da Igreja. Outro aspecto, entretanto, da missão,
a missão “ad intra”, para afervorar a vida cristã em nações onde a Igreja já
está solidamente constituída, é igualmente importante. Todos temos notícia das
missões pregadas, de tempos em tempos, pelos padres missionários. Era uma graça
extraordinária que renovava a fé e melhorava a vida moral de nossa gente,
recordando-lhe as verdades fundamentais da fé católica e os mandamentos da lei
de Deus, tendo na confissão sacramental, na legitimação de casamentos e na comunhão
eucarística seu momento alto.
Os novíssimos - morte, juízo, inferno paraíso – eram a grande motivação
da catequese das missões. As missões evoluíram no sentido de se tornarem um
momento forte de evangelização e de organização das paróquias de modo que o
trabalho dos padres missionários tivesse continuidade através da liderança do
pároco e da participação de fieis leigos especialmente tocados pelo anúncio
missionário. A grande novidade de Aparecida, sob a influência decisiva do
Pontificado do Bem-Aventurado João Paulo II, consistiu em convocar a Igreja
toda, ministros ordenados, religiosos(as) e fieis leigos(as) a assumir com
vigor e ardor a dimensão missionária, que permanentemente brota
do mistério da comunhão trinitária do qual a Igreja nasce e vive,
prolongando no tempo as missões do Filho e do Espírito Santo. O tema da V
Conferência concentrou-se nisto: “fazer discípulos missionários”. Esta
foi de fato a ordem de Jesus: “Ide, pois, e fazei discípulos de todas as
nações, batizando-as...”(Mt 28,19). Em Atos Jesus fala da vinda do Espírito
Santo e afirma: “sereis, então minhas testemunhas...até os confins da
terra”(1,8). A razão da urgência missionária está nisso: que em Cristo todos
tenham vida. Para caracterizar as transformações culturais por que passa a
humanidade o DAp fala de mudança de época, caracterizada pela erosão dos
valores tradicionais, por um grande pluralismo que acaba por introduzir um
relativismo cuja consequência é um enorme vazio de sentido para a vida, que
atinge com especial virulência a juventude.
De Aparecida brotou como seu fruto imediato a “Missão Continental” á
qual assim se referiu o Papa Bento XVI: “para mim foi motivo de alegria
conhecer o desejo de realizar uma MISSÀO CONTINENTAL que as Conferências
Episcopais e cada diocese são chamadas a estudar e a realizar, convocando para
isso todas as forças vivas, de modo que, caminhando a partir de Cristo,
busque-se sua face”. A Missão Continental não pode ser entendida como um
momento transitório, ainda que intenso, de empenho missionário, mas deve ser
entendida como uma conversão profunda e permanente da Igreja em suas
estruturas, a partir do coração das pessoas, de modo que o anúncio do evangelho
flua permanentemente para as pessoas e para a sociedade. . Neste sentido
as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) nos
oferecem um roteiro sintético e objetivo de reflexão e de indicações para
implantarmos em nossas paróquias e em outras instituições eclesiais – centros
de ensino, pastorais e movimentos - as propostas de Aparecida.
Na Arquidiocese de Sorocaba temos dado alguns passos nessa direção.
Esse processo acontecerá na medida em que houver comunidades vivas de
discípulos que haverão de brilhar como luz no coração do mundo. Viveremos no
Brasil até o grande encontro de jovens no Rio de Janeiro, em 2013, um
significativo processo de animação missionária de nossa juventude. Bento XVI
deu-nos como lema da Jornada Mundial da Juventude exatamente a proposta de
Aparecida: “Ide, pois, e fazei discípulos entre todas as nações”. Hoje, 2 de
outubro, a Igreja de Sorocaba estará recebendo a Cruz da Jornada com o Ícone de
Nossa Senhora. Na Praça da Catedral viveremos um momento de profunda alegria,
com uma grande concentração de jovens, acompanhados de seus familiares, para
darmos início em nossa Igreja Particular aos preparativos para a Jornada. Mas,
esse deverá ser sobretudo o início de um renovado empenho na evangelização de
nossa juventude.
O Papa, na mensagem aos jovens em Madri, falou da necessidade de ouvir
a palavra de Cristo, “Amigo que não engana”e advertia: “Bem sabeis que, quando
não se caminha ao lado de Cristo, que nos guia, extraviamo-nos por outras
sendas como a dos nossos próprios impulsos cegos e egoístas, a de propostas
lisonjeiras mas interesseiras, enganadoras e volúveis, que atrás de si deixam o
vazio e a frustração”. Jovens, sejam missionários de seus irmãos de juventude,
não os deixem morrer de fome.
Por CNBB
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