Tanto o amor virginal como o amor
conjugal que são, como diremos mais adiante, as duas formas pelas quais se
realiza a vocação da pessoa ao amor, requerem para o seu desenvolvimento o
empenho em viver a castidade, para cada um conforme ao próprio estado.
A sexualidade — como diz o Catecismo da
Igreja Católica — “torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando integrada
na relação de pessoa a pessoa, no dom mútuo, por inteiro e temporalmente
ilimitado, do homem e da mulher”.
É óbvio que o crescimento no amor,
enquanto implica o dom sincero de si, é ajudado pela disciplina dos
sentimentos, das paixões e dos afetos que nos faz chegar ao autodomínio.
Ninguém pode dar aquilo que não possui:
se a pessoa não é senhora de si — por meio da virtude e, concretamente, da
castidade — falta-lhe aquele autodomínio que a torna capaz de se dar. A
castidade é a energia espiritual que liberta o amor do egoísmo e da
agressividade. Na medida em que, no ser humano, a castidade enfraquece,
nessa mesma medida o seu amor se torna progressivamente egoísta, isto é, a
satisfação de um desejo de prazer e já não dom de si.
A castidade como dom de si
A castidade é a afirmação cheia de
alegria de quem sabe viver o dom de si, livre de toda a escravidão egoísta.
Isto supõe que a pessoa tenha aprendido a reparar nos outros, a relacionar-se
com eles respeitando a sua dignidade na diversidade.
A pessoa casta não é centrada em si
mesma, nem tem um relacionamento egoísta com as outras pessoas. A castidade
torna harmônica a personalidade, fá-la amadurecer e enche-a de paz interior.
Esta pureza de mente e de corpo ajuda a desenvolver o verdadeiro respeito de si
mesmo e ao mesmo tempo torna capaz de respeitar os outros, porque faz ver neles
pessoas dignas de veneração enquanto criadas à imagem de Deus e, pela graça,
filhos de Deus, novas criaturas em Cristo que “vos chamou das trevas à sua luz
admirável” (1 Ped 2, 9).
O domínio de si
“A castidade supõe uma aprendizagem do
domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara:
ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa comandar por
elas e torna-se infeliz”.
Todas as pessoas sabem, até por
experiência, que a castidade exige que se evitem certos pensamentos, palavras e
ações pecaminosas, como S. Paulo teve o cuidado de esclarecer e recordar. Por
isso se requere uma capacidade e uma atitude de domínio de si que são sinal de
liberdade interior, de responsabilidade para consigo mesmo e para com os outros
e, ao mesmo tempo, testemunham uma consciência de fé; este domínio de si
comporta tanto o evitar as ocasiões de provocação e de incentivo ao pecado,
como o saber superar os impulsos instintivos da própria natureza.
Quando a família realiza uma obra de
válido apoio educativo e encoraja o exercício de todas as virtudes, a educação
para a castidade é facilitada e liberta de conflitos interiores, mesmo que em
certos momentos os jovens possam observar situações de particular delicadeza.
Para alguns, que se encontram em
ambientes onde se ofende e se deprecia a castidade, viver de modo casto pode
exigir uma luta dura, às vezes heróica. De qualquer maneira, com a graça de
Cristo, que brota do seu amor esponsal pela Igreja, todos podem viver
castamente mesmo que se encontrem em ambientes pouco favoráveis.
O próprio fato de todos serem chamados à
santidade, como recorda o Concílio Vaticano II, torna mais fácil de compreender
que, tanto no celibato quanto no matrimônio, possam existir — e até, de fato
acontecem a todos, de um modo ou de outro, por períodos mais breves ou de mais
longa duração — situações em que são indispensáveis atos heróicos de virtude.
Também a vida matrimonial implica, por isso, um caminho alegre e exigente de
santidade.
Fonte: Vaticano
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