Beato João Paulo II vivia mergulhado na
oração
O instinto do povo não
se enganava quando, desde o início do pontificado de João Paulo II,
via no Papa Wojtyla um homem de Deus. Sua fé era notada no calor sereno e viril
de sua voz, no olhar profundo, afetuoso e calmo, na paz com que abraçava seu
serviço sacrificado e incansável e com que aceitava as adversidades, doenças e
dores como vindas das mãos de Deus.
A fé, segura, sólida e
feliz, pode-se dizer que saía por todos os poros de seu corpo e de sua alma.
Acreditava mesmo em Deus, acreditava mesmo em Jesus Cristo, único Salvador do
mundo; acreditava plenamente no chamado de todos à salvação que está em Cristo
Jesus; acreditava, com confiança de filho, na intercessão da santíssima Virgem
Maria, em cujos braços maternos se abandonara muito cedo, declarando-se Totus
tuus! - Todo teu!
Diz-se, com toda a
razão, que a oração é
o espelho da fé. É por
meio dela que a alma se une a Deus em plena intimidade; é pela oração,
amorosamente contemplativa, que os traços de Cristo se imprimem na alma; é por
ela que os olhos vêem o mundo, a história, os homens - cada homem - com a
própria visão de Deus; e é pela oração que se pode chegar a dizer como
São Paulo: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha
vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se
entregou por mim" (Gál 2,20).
Pois bem, João Paulo II
vivia, literalmente, mergulhado na oração. E isso, mesmo para os que o
ignoravam, notava-se de uma forma indisfarçável. Desde o início de seu pontificado
- continuando, aliás, com seus antigos hábitos de padre e de bispo - ,
levantava-se às 5h30 e, depois de se arrumar, ia imediatamente à capela para
fazer mais de uma hora de oração íntima, ajoelhado diante do sacrário,
perante um crucifixo e uma imagem da Virgem Negra de Czestokowa.
No seu penúltimo livro,
'Levantai-vos! Vamos!', o próprio Papa fala da alegria de ter a capela tão
perto das dependências onde trabalhava: “A capela fica tão próxima para que na vida do bispo tudo - a pregação,
as decisões, a pastoral - tenha início aos pés de Cristo, escondido no
Santíssimo Sacramento [...]". Estou convencido de que a capela é
um lugar de onde provém uma inspiração particular. É um privilégio enorme poder
habitar e trabalhar no espaço dessa Presença que atrai como um potente ímã.
“Todas as grandes decisões - comentava um dos seus ajudantes - tomava-as de
joelhos em frente ao santíssimo Sacramento”.
A capela era, realmente,
o ímã constante, irresistível, do dia a dia de João Paulo II. Nela, além da oração matutina e da
celebração da Santa Missa, ele rezava, todos os dias, a Liturgia das
Horas. Na capela, muitas vezes, das 9h30 às 11h00, ele se dedicava a escrever,
anotando sempre no cabeçalho de cada folha uma oração abreviada, uma
jaculatória.
Naquele lugar, guardava
o que ele chamava a “geografia da sua oração”, pois, no interior da parte de
cima do genuflexório, as freiras que cuidavam da casa pontifícia deixavam
centenas de folhas datilografadas, com pedidos de oração pessoal enviados, por
carta, ao Papa por fiéis de todo o mundo; intenções pelas quais fazia questão
de rezar. Conta-se que um dos seus secretários, o padre John Magee, procurou
certa data o Papa nos seus aposentos e não o encontrou. Foi-lhe indicado que o
procurasse na capela, mas não o viu. Sugeriram-lhe, então, que olhasse melhor,
e lá descobriu efetivamente o Santo Padre, prostrado no chão, em adoração,
diante do Sacrário.
Esse clima de oração, estendia-se, como uma
onda cálida, a todas as atividades do dia. João Paulo II rezava
constantemente entre as diversas reuniões, a caminho das audiências, no carro,
num helicóptero… Num terraço do Palácio Apostólico, onde mandara colocar as
catorze estações da Via Sacra. Praticava essa devoção todas as sextas-feiras do
ano e, na Quaresma, todos os dias. Rezava o terço em diversos momentos da
jornada, até completar o Rosário.
Um detalhe simpático: só se dedicava ao descanso, após o almoço, uns dez
minutos; depois dos quais, enquanto outros repousavam, passeava pelos jardins
do Vaticano rezando o terço.
Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/
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Fonte: Canção Nova
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