UM ESPÍRITO CARNAVALESCO
João era um folião incansável, pulava até ao som de radinho de pilha.
Fanático por carnaval, não perdia nada, saía na quinta e só voltava dias depois
da quarta de cinzas. Ia no bloco, na pipoca, camarote...
Fumava, cheirava, injetava, bebia todas e mais uns goles. Beijava
muito, pegava muito e muito brigava. Era desses "malhados" com força
física e mente tísica.
Naquela terça, finzinho de folia, após distribuir muita pancada, uma
punhalada certeira o levou ao chão. Sem nem se dar conta do próprio desenlace,
abandonou o corpo e seguiu os derradeiros acordes daquele carnaval.
Três carnavais passados e o Espírito festeiro prossegue, vampirizando
os desavisados, sorvendo as sensações, saciando-se nos vícios e desregramentos
dos incautos, manipulando violentos e inconseqüentes, estabelecendo enfermiças
sintonias em dolorosas simbioses.
Como ele, muitos outros, emergem das suas
sombras existenciais, para o "curtir" dos prazeres da matéria. Como
"tal homem, tal Espírito", atrás do trio elétrico, também vai quem já
morreu.
Texto: Antonio
Pereira (Apon)
Fonte: www.aponarte.com.br
Um comentário:
Olá!
Passando para desejar dias de paz nesse carnaval.
Um abração.
Antonio (Apon)
Postar um comentário